Contava me há dias uma amiga que tem ou tinha o hábito, infelizmente tão português, de achar que lá fora é que é bom e tudo é bem melhor.
Ela, enfermeira, acabou o curso há três anos e iludida por uma oportunidade que tardava em aparecer por cá, partiu ao desconhecido (demasiado desconhecido) e agarrou-se à ilusão que a sorte tinha chegado.
Chega lá, depara-se com um edifício degradado, com condições demasiado básicas e sendo um pais diferente e apesar de dominar a língua sentiu-se pela primeira vez longe..de tudo o que tinha deixado cá.
As semanas passam e o sonho desvanece e a ilusão da mudança acaba em cada não que ouve…não de “não podemos pagar já”…não de”não sabemos quando podemos pagar”…não de”não vale a pena insistir” demasiados não...
Perdeu a ilusão mas ganhou a experiência, não só a de ter trabalhado “lá fora”, mas a de que mesmo quando não conseguimos ver a saída, nem sempre a primeira parte que se abre é a correcta.
Não vale a pena também acreditar que isto só acontece lá fora, porque mesmo aqui em Portugal, nós, recém-licenciados, somos o alvo supostamente fácil para trabalhar em condições que não correspondem ao mínimo exigído.
Todos nós conhecemos casos destes, amigos, conhecidos ou histórias que ouvimos em estágio...sabemos que é este o mundo que nos espera e temos saber como agir perante estas situações.
E é isso que quero reforçar neste post…temos que saber não nos deixar levar pela primeira mão que nos é estendida e ter a noção de que apesar de precisarmos de uma oportunidade ela tem que ser justa e correspondente ao esforço que foi dispendido nos anos que passamos a estudar.
Àqueles que como eu estão a tentar sair desta encruzilhada de portas que nos insistem em fechar...tenham calma...
Quem sabe se a oportunidade certa…a tal…não estará mesmo ali?